terça-feira, abril 27, 2010

CABO VERDE E SANTA CRUZ ONTEM, HOJE E SEMPRE!

Este último fim de semana (23-25), o presidente da câmara de Santa Cruz, Orlando Sanches, esteve em Paris, a convite da Comunidade Católica de Montreuil para participar nos festejos do patrono dos Picos, São Salvador do mundo. Eventualmente, os curiosos perguntarão legitimamente duas coisas: em primeiro lugar, Picos não tem nada a ver com Santa Cruz e em segundo lugar, porquê Montreuil e não outra comunidade ? Voilà, sem tardar os motivos. Efectivamente, « Pico é Pico e Santa Cruz é Santa Cruz », porém, o presidente Orlando Sanches devido às suas raízes foi « baptizado e crismado » nos Picos. Ele fez questão de frisar este aspecto na sua intervenção! O Sr. Presidente da Câmara recebeu o convite da Comunidade de Montreuil porque a responsável é também filha do Concelho, mais concretamente « da Ribeira dos Saltos ». É uma Comunidade que se reúne duas vezes por mês e os membros (inclusive eu mesmo) são oriundos de todos os cantos da Ilha de Santiago e diria mesmo de Cabo Verde ! Ela tem um cariz tanto religioso como associativo, daí a sua importância na vida dos membros radicados em Paris e arredores.

Por coincidência o ponto alto do festejo foi justamente ontem, onde a Igreja celebrou a festa do « Cristo o bom pastor… Jesus que conhece as suas ovelhas pelos seus nomes e vice-versa ». Esta estava repleta de gente que se deslocou quase de todas as periferias de Paris, foi uma celebração bem animada e no final, com a permissão do padre Gerard, o nosso presidente tomou a palavra e falou aos seus conterrâneos « na língua da terra ». A sua mensagem foi sobretudo de unidade, de paz e de esperança! Pouco importa a cor política, o progresso do nosso arquipélago está acima de tudo, daí a exortação para uma verdadeira cooperação e solidariedade entre os Caboverdianos da diáspora sem esquecer obviamente a pátria que nos « pariu », o país que nos viu crescer !!!

Após a celebração, houve o almoço oferecido pelo juiz da festa, assim como a confraternização: momento de ver o pessoal, de « fla mantenha pa li e pa la », de discutir e de recordar os velhos tempos em que a gente ainda vivia no nosso arquipélago ! Acreditem, estesencontros permite às pessoas recarregar baterias, de levantar o astral ao ponto mesmo de exclamar : ON EST ENSEMBLE (estamos juntos).
A tardinha teve lugar um debate com o Sr. Orlando Sanches, onde realçou os progressos, as conquistas e os desafios de Cabo Verde assim como um breve panorama daquilo que se tem feito no Conselho de Santa Cruz e em prol do mesmo. Ele fez sentir também as dificuldades da comunidade Caboverdiana em S. Tomé, que hoje mais do que nunca precisa da nossa solidariedade e gestos concretos.
Por sua parte os participantes tomaram a palavra para expressarem igualmente os seus elogios, contentamentos, e as suas preocupações no que concerne à política migratória das Ilhas. Sem entrar em detalhes faço eco de uma questão que veio e que sempre vem à tona quando os imigrantes encontram os seus governantes. Presumo que seja uma questão velha quanto à história da navegação nas águas de Cabo Verde, ou seja, não é uma questão de ontem, nem tão pouco de anteontem! Não é unicamente um problema das pessoas que vivem em França ou em Portugal, mas sim de todas as pessoas que vivem fora do território nacional. Voilà, justamente o interesse da questão. Refiro-me mais concretamente às taxas portuárias / alfandegárias elevadas e exageradas. Não sou o único a pensar que seja inadmissível e injustificável tal política quando metade da população Caboverdiana vive no exterior, quando os imigrantes são convidados a investir no país de origem, quando são constatados o peso e o papel preponderante dos imigrantes para economia nacional. Quer dizer, as pessoas no estrangeiro trabalham por vezes “sete sobre sete dias por semana”, faça sol, faça chuva, faça calor ou frio, com sacrifício adquirem bens materiais e nas alfândegas do país têm que gastar o dobro ou algo do género, na recuperação dos seus produtos, fruto do trabalho, do esforço e da luta quotidiana! Pergunto: Isso é normal? Até que ponto esta situação deve ser aceitável? Até quando vamos ser regidos por esta política ? Se levássemos efectivamente em conta os sacrifícios destas pessoas, se encarássemos esta situação como anormal, como um problema e um entrave ao desenvolvimento do nosso arquipélago, seria já meio caminho andado. Porém, continuar a justificar o injustificável é perder a credibilidade e conduzir a votos de censura no seio da diáspora Caboverdiana. Melhor cedo do que nunca meus caros amigos !!!!

O debate e a visita do presidente terminou bem e todos ficaram contentes com a sua presença amiga e calorosa, certamente os santracruzenses mais do que os outros (o que é normal não é?), pois é sempre bom ouvir notícias do Conselho, alegrarmo-nos dos progressos, e juntar as forças para que as coisas avancem sempre mais e melhor !! Como diz o hino nacional françês: « ALLONS ENFANTS DE LA PATRIE… MARCHONS… MARCHONS …( vamos filhos da pátria… caminhemos… caminhemos) !


Paris, 25 de Avril



Assis Tavares, citoyen du monde !!!

1 comentários:

Djoca PB disse...

Ilustre,
Fico contente com a tua mensagem mostrando um forte laços de solidadriedade e de convivio que ainda persiste no seio da comunidade em questão. É bom recordar o velhos tempos, assim como disseste e bem "recarregar baterias".A questão dos custos de viagem, taxas e outros encargos estou de acordo contigo mano, são pertenentes, no sentido de que teremos que trabalhar/manifestar fortemente para que esta seja minimizada. Só assim seremos capazes de ser mais competetivos, criando opotunidades de investimentos.

Viva Santa Cruz
Viva Cabo Verde,

Um abraço forte do coração, lembrabdo aqueles velhos tempos que já lá vão.

Djoca


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