quinta-feira, agosto 09, 2007

ENTREVISTA CONCEDIDAAO EXPRESSO DAS ILHAS PELO SR ORLANDO SANCHES- PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE SANTA CRUZ

Caros Santacruzences


Caros Santa-cruzences Cumprindo o dever de informar os cidadões dentro e fora do concelho, achei de interesse de todos, publicar a entrevista concedida ao Expresso das Ilhas pelo Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz Sr Orlando sanches.

ORLANDO SANCHES: “PEDRA BADEJO ESTÁ A SER CONSTRUÍDA PARA SER UMA LINDA CIDADE”
Assinalou-se na passada quarta-feira, 25, o dia de S. Tiago Maior e Dia do Município de Santa Cruz. Na ocasião, Expresso das Ilhas conversou com o edil local, Orlando Sanches, que traça uma radiografia e perspectivas sobre o desenvolvimento deste concelho que, segundo o seu presidente, está a ser preparado para ser cidade, em 2010. Enquanto isso, estão em curso um conjunto de projectos que poderão colocar aquele município no mapa turístico destas ilhas cabo-verdianas, ao mesmo tempo que as autoridades municipais vão definindo o turismo, a actividade portuária e industrial como os grandes pilares de desenvolvimento de Santa Cruz, enquanto concelho.
Perspectivando Pedra Badejo cidade, Sanches acredita que nos próximos 20/30 anos aquela urbe poderá vir a ser o segundo maior centro urbano da ilha, ultrapassando a própria cidade de Assomada. Os projectos em curso levam-no a pensar assim.


Sr. Presidente, como é que caracteriza Santa Cruz hoje?

Orlando Sanches – Santa Cruz é um concelho com muita tranquilidade, muita paz social e muita harmonia. É um concelho em franco progresso e em franco crescimento económico e urbano. Basta ver que a malha urbana da Vila de Pedra Badejo aumentou consideravelmente e as infra-estruturas urbanas aumentaram também. Há uma demanda grande de pessoas que querem investir neste concelho, e temos grandes projectos em curso.

Que projectos são esses?

Estou a referir-me, de entre outros, à rede de esgotos, ao ETAR, à dissalinizadora de mil m3 de água/dia, ao projecto integrado das bacias hidrográficas da Ribeira dos Picos e de Saltos, que visa a modernização da agricultura: há o projecto da modernização da pesca, temos o projecto da cimenteira e cais de águas profundas que vai permitir a criação de um parque industrial no município.

Temos também alguns investidores estrangeiros que manifestam interesse em investir em Santa Cruz. Temos o projecto do Coqueiro, que vai permitir a construção de um hotel de mil quartos e dois resorts previstos para a zona de Coroa. São projectos de curto prazo.
Ainda sobre a pesca, a nossa ideia, é a instalação de uma plataforma artificial perto da costa que diminui o esforço físico dos pescadores para chegar a uma banca artificial para fazerem a pesca. Este projecto já tem financiamento da cooperação francesa.

São projectos que vão transformar Santa Cruz e colocá-lo no panorama turístico nacional?

Sim, com estes projectos Santa Cruz entra no mapa do turismo de Cabo Verde porque teremos infra-estruturas e logo, capacidade de acolher milhares de turistas.

Estará aqui Santa Cruz a procurar a sua nova vocação enquanto concelho?

Exactamente. Nós já identificamos as grandes vocações do concelho que no futuro será uma cidade turística, portuária e industrial. É nesses pilares que a Câmara Municipal está a preparar todo o programa de desenvolvimento de médio e longo prazos.

Está a reivindicar uma cidade para o seu município?

Não é uma reivindicação. Nós estamos a construir uma cidade para Santa Cruz. A Vila de Pedra Badejo está a ser construída para ser uma linda cidade, em 2010. Santa Cruz é uma das poucas cidades, em Cabo Verde, que nasce já com uma rede de esgotos e de água a funcionar. Será das poucas cidades que nasce com uma grande escola profissional, uma grande escola secundária, uma rede muito boa de jardins-de-infância e de escolas do ensino básico, uma rede de ruas calcetadas e infra-estruturadas bastante boa, mas também uma cidade com muita paz social e com muita tranquilidade.

Para 2010 faltam apenas três anos?

É o tempo suficiente para construir esta primeira fase da cidade. Uma cidade é de construção permanente. Nunca pára a construção de uma cidade, aliás, a cidade que parar a sua construção pára no tempo e deixa de ser uma cidade. Santa Cruz será sempre uma cidade dinâmica, em construção. Nesta primeira fase três anos são suficientes para termos as condições mínimas e necessárias para sermos uma linda cidade dentro do padrão cabo-verdiano.

Diz-nos que Santa Cruz é um concelho com alguma paz social. Até há bem pouco tempo este município era tido como um dos mais inseguros do país. Já é passado?

Isso faz parte do passado e da história. Havia sim insegurança mas havia também muito empolamento da situação social. O próprio conflito que se vivia tinha a ver com a pobreza porque há uma correlação entre a pobreza e o conflito. À medida em que o concelho desenvolve, que as pessoas começam a ter melhores condições de vida, mais informação, mudam as atitudes e comportamentos. É isto que está a acontecer em Santa Cruz, por isso temos paz social.

Já não há pobreza em Santa Cruz?

Há pobreza sim. A pobreza existe em toda a parte do mundo. Pobre há e haverá sempre, o certo é que há menos pobres e menos pobreza no nosso município.

Que tipo de turismo queremos para Santa Cruz?

Em primeiro lugar queremos um turismo de qualidade, que traga respeito à natureza, às pessoas e à nossa cultura santa-cruzense. Em segundo, que seja um turista capaz de integrar na nossa sociedade, capaz de deixar recursos financeiros, económicos e cultural. Quanto aos investidores turísticos queremos pessoas sérias, capazes de fazer investimento de qualidade, isto porque, Santa Cruz já passou da fase de mediocridade. Agora, trabalhamos para a excelência. Quando não conseguirmos a excelência que pelo menos seja bom. O que nós exigimos aos investidores é que, no mínimo, façam um bom investimento.

Que novas para a agricultura?

Lindas boas novas. Já está em curso o projecto integrado da Ribeira dos Picos. Vão ser feitos e equipados mais oito novos furos, na Ribeira dos Picos. Vão ser construídos vários macros reservatórios de dois, três e quatro mil m3 de capacidade, também na Ribeira dos Picos. Há um crédito na Caixa Económica que os camponeses podem recorrer através da CECV ou da ASDIS e da FAMIPICOS, com uma taxa de juro de apenas 5 por cento/ano, para modernização da agricultura e pecuária.

A Câmara Municipal em parceria com o Ministério da Agricultura instalou vinte sistemas de gota-a-gota, na Ribeira de Macati e já temos financiamento para mais 20 instalação na Ribeira de Kumba, para este ano, e mais cinco instalações na Cabeça de Horta, com financiamento da Região de Pie Monte, da Itália, da ONG Movimento Sivviloppo Pacci e da Câmara de Candiolo, também na Itália.

Já está na Praia um contentor que chegou da Itália com um material inovador e revolucionário em termos da conserva de água. São reservatórios de plásticos, com capacidade de 50 e 100 m3, com uma garantia de vida de vinte anos. Estes reservatórios vão ser oferecidos, gratuitamente, a vinte camponeses da Ribeira Seca para a conservação da água para a introdução da rega gota-a-gota.

O Governo já disponibilizou 30 mil contos para a construção de canais de irrigação, utilizando a água da barragem de Poilão para os camponeses poderem usufruir daquela água.
Com o apoio da Cooperação Austríaca já está em curso o projecto da bacia hidrográfica da Ribeira de Saltos, e vão ser feitos alguns furos e serão também realizados alguns sistemas de micro irrigação, naquela zona.

A cimenteira, que novas temos neste momento?

Há um compromisso muito forte do governo chinês em financiar a fábrica cimenteira que terá capacidade para produzir mil toneladas de cimento/dia. Está também previsto a construção de um porto de águas profundas e um outro porto de escoamento de matéria-prima, na ilha do Maio. Este projecto já tem garantia de financiamento e acreditamos que até o início de 2008 as obras deverão arrancar. Quando concluído a fábrica vai empregar 500 pessoas.

Há dias admitiu que num horizonte de 20 a 30 anos, Santa Cruz poderá vir a ser o segundo centro urbano da ilha de Santiago. Que estratégia para lá chegar?

Com a construção da via rápida Praia/Tarrafal, Pedra Badejo ficará a 15 minutos do aeroporto internacional, que é uma localização óptima em qualquer parte do mundo, para uma cidade turística. Ficaremos a 20 minutos de Assomada e Tarrafal e a 15 minutos de Calheta de S. Miguel. Ficaremos a 30 minutos da ilha do Maio e a uma hora da ilha da Boa Vista. Isto quer dizer que Santa Cruz poderá prestar um serviço na distribuição dos turistas que chegam à ilha de Santiago, pelo resto do país, seja dentro da própria ilha de Santiago ou para a ilha da Boa Vista. Por outro lado, com os hotéis e resortes que serão construídos, milhares de turistas chegarão a Santa Cruz, o que vai provocar uma migração de outros municípios e ilhas para este município. Mesmo pessoas de zonas altas de Santa Cruz migrarão para Pedra Badejo devido à facilidade de trabalho que deverão ter, seja no porto, na fábrica, nos hotéis e na construção civil que vai arrancar em força nos próximos tempos.

Por outro lado, tendo em conta que nós temos a maior reserva de água subterrânea do país, com a modernização da agricultura, através de micro irrigação ou mesmo com a utilização da técnica da hidroponia e europonia, na agricultura, Santa Cruz passará a ser uma zona de produção de verduras e hortaliças para o turismo interno. O porto que vai permitir o escoamento muito rápido para as ilhas turísticas, como Sal, Boa Vista e Maio, vai trazer este incremento grande à nossa agricultura. Por tudo isto, acreditamos que dentro de 20 ou 30 anos Pedra Badejo será o segundo núcleo urbano da ilha de Santiago, ultrapassando Santa Catarina, em termos de crescimento. Se compararmos os dados estatísticos dos últimos anos, Pedra Badejo cresceu muito mais que Santa Catarina. Em termos de perspectivas de desenvolvimento do próprio concelho, as vocações que falei há pouco, Santa Cruz, um concelho industrial, turístico e portuário, vai trazer uma dinâmica muito forte na economia e que vai reflectir no crescimento demográfico e urbanístico.

Quais os maiores constrangimentos em termos de emprego?

O primeiro maior constrangimento tem a ver com a adaptação das pessoas a uma nova realidade económica. Santa Cruz sempre foi um concelho piscatório e agrícola, duas actividades que em poucos anos entraram em decadência, devido ao desequilíbrio ambiental provocado pela apanha de areia no concelho. Água infiltrou, salgou o solo e água, e a agricultura deixou de produzir. Deixamos de ter areia, não há espaços para desovas de peixes e deixamos de ter peixes. Temos camponeses e pescadores a reflectirem sobre o futuro, em termos de emprego e trabalho.
A Câmara Municipal tem um gabinete de estudos e de planeamento que já tem preparado um documento, sobre o empreendedorismo no município, que vai à Assembleia Municipal para análise. Esta ideia já foi discutida com o Sistema das Nações Unidas que manifestou interesse em colaborar connosco. No mês de Outubro próximo, vai ser realizado um curso de longa duração para 16 jovens do concelho que vão ser transformados em agentes de desenvolvimento local. Formamos estes jovens para eles serem motores de transformação de pensamentos e atitudes perante pessoas, desenvolvimento, perante o concelho e perante o próprio país. Acreditamos que este curso será uma mais valia muito grande para o município e para a mudança de atitudes, pois que, a pobreza é antes de tudo uma questão de atitude e não material.

Outro constrangimento é que somos um concelho com um crescimento demográfico muito forte. Apesar do enorme esforço realizado pelos poderes públicos, ainda tem sido insuficiente para a preparação, sobretudo profissional dos jovens, para o mercado de trabalho.
Temos nesta altura cerca de duas centenas de jovens a fazerem a sua formação média e ou superior fora do país, e a Câmara tem esforçado muito, no treinamento de jovens, sobretudo mulheres, na área de artes domésticas, culinária, atendimento mesa e bar, rendas, bordados e costura. No caso de rapazes temos apostado na carpintaria, serrilharia e mecânica.

A nível da cooperação está neste momento a ser consolidada uma parceria com a ONG ASDE, do Padre Ottavio Fasano, parceria esta que vai permitir a construção de um grande centro social, neste município. Fale-nos um bocadinho deste projecto.

É um dos projectos sociais mais ambiciosos que temos entre mãos. Vamos construir dois centros de acolhimento de meninos de e na rua. Agendamos o início das obras para Novembro deste ano, e vamos construir um centro de aconselhamento familiar, pois, o problema social que se vive hoje, em Cabo Verde, é resultante de problemas nas famílias, nomeadamente, da desestruturação familiar. A família deixou de cumprir o seu papel de educador, de orientador, então, queremos com este projecto recuperar os valores da família e fazer que a família desempenhe o seu papel enquanto núcleo fundamental da sociedade. Temos um outro projecto para os jovens, muito ambicioso, que é a construção de um complexo desportivo na zona de Cruzeiro, que vai albergar um campo de futebol, outro de ténis e um ginásio coberto. A primeira fase de construção deverá arrancar em Novembro, e a segunda fase, provavelmente, em 2009.

Voltando às infra-estruturas: a estrada Variante/Santa Cruz vai ser asfaltada?

Sim. O primeiro semestre de 2008 é a data prevista para o início das obras. O projecto já está elaborado, o Governo está em negociação com a empresa construtora e a engenharia financeira está em curso. Há toda a garantia que o primeiro semestre de 2008 vai ser de arranque do asfalto dessa via.
Se tudo correr bem, 4 de Agosto é a data para início do asfaltamento da estrada Órgãos/Santa Cruz.

1 comentários:

Anónimo disse...

Mas afinal será o asfaltamento Orgãos/Santa cruz ou variante santa cruz-Calheta.Porque não percebo a razão de primeiro ser realizado a estrada orgãos/Santiago do que Variante santiago


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